Prefiro as palavras escritas

Hoje acordei bem, do mesmo jeito como estou ultimamente, mas acordei com “bode” das pessoas, acordei com chatice do mundo, sem vontade de ver e nem falar com ninguém, talvez falar com quem fale comigo.

Ando reclusa em mim mesma, amando a solidão, amando a minha companhia, os meus próprios conselhos, sem aquela coisa de julgamentos, sem aquilo de “mas eu faria diferente”, eu não me julgo, eu me entendo, eu me consolo, eu me converso...

Talvez isso esteja acontecendo porque estou começando a chefiar a minha vida, estou menos dependente de gritos loucos, que muitas vezes nem são ouvidos, porém estou mais dependente das minhas palavras escritas, que são melhores entendidas, estou mais dependente disso aqui.

Escrever tem sido a minha forma de dizer ao mundo como ando, e mostrar minuciosamente a minha percepção da vida. E se ninguém entender o que escrevo não me frustra, ao contrário de quando digo pela boca e ninguém entende, e todo mundo se cala, ai sim sinto uma adaga me atravessar a garganta e algo me dizer “não conta mais, ninguém entende”.

Realmente acho que ninguém me entenda quando profiro palavras, talvez porque eu não saiba explicar, ou talvez porque os ouvidos não estejam aptos a ouvir e o cérebro a entender, aliás, não sou uma pessoa para ser entendida pelo cérebro e sim pelo coração, porque sou isso ai; apenas coração, razão ainda me falta, talvez sempre me falte.

E talvez eu não saiba de fato falar com o coração, mas sei escrever com ele, sei transpor tudo o que ele sente, e no momento o que ele sente é isso, vontade de se calar pela boca e deixar-se fluir pelos dedos.

Acho que continuarei nesta fase de “eu e eu”, porque não me faz mal, me faz até melhor do que sair despejando minha vida nas costas de alguém. Podem me interpretar como chata, antissocial, fria, fechada e todos aqueles rótulos que amam me por, mas isso é apenas resultado que tantos gritos causam; a falta de voz e também a falta de vontade de falar.