quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A carta do abandono


Embora tenha tido uma manhã deliciosa e ter recebido uma noticia que tirou um grande peso das costas, hoje foi o meu pior dia, o dia que respirei fundo muitas vezes para não chorar. Tenho mais de uma semana pensando como descrever o que a falta de alguém me traz, fiz meio que um prólogo deste texto em minha mente, eu sei, to sendo pragmática e metódica de novo, isso é um saco, mas eu precisava pensar em como explanar meus sentimentos com clareza, porque talvez um dia quando eu tiver coragem esse texto que mais vai parecer uma carta chegue ao seu destinatário. Sou do tipo que não sustenta angustias, as ponho pra fora, se precisar tenho uma conversa franca, ponho minhas cartas na mesa, brigo, chata que sou brigo mesmo, ou choro de uma vez pra ver o quanto estou triste, mas desta vez eu não consegui, fechei-me e deixei que me abandonasse assim sem porquês, deixei que evaporasse o nosso amor e jogasse as cinzas no mar para se perderem, deixei tu ir pelos teus caminhos, e tu foi sem nem olhar para trás... Vou começar a minha carta antes que minhas lágrimas me tomem demais e eu não consiga escrever.

“Como vai você, meu bem? Nos últimos dias dei uma olhada nas suas redes sociais, antes não tivesse olhado, tive a certeza do porque me abandonas assim, tão sem necessidade isso...
Eu sei, o que vivemos não foi pouco, e não é que nesse tanto de coisas acabamos nos amando? Olha que coisa engraçada, eu a moça que não ama ninguém, to aqui confessando que te amo, droga! Eu te amo, é isso mesmo! Mas tenho motivos para tal, nossa relação não era de fato um relacionamento normal, não, nós éramos diferentes, tínhamos toda aquela amizade, lembra meu querido? Acho que é por isso que te amo tanto, porque éramos amigos acima de tudo, nós nos nossos relacionamentos a parte e o nosso paralelo a tudo, quando estávamos juntos não existia mundo, éramos só nós, e o nosso amor a exalar.
Lembro de nós dois na biblioteca do shopping, eu inventando arte querendo ficar de cabeça para baixo sentada no banco e tu rindo da minha idiotice, lembro de nós falando dos nossos relacionamentos destruídos, lembra meu querido, eu havia te ligado a poucos dias me debulhando em lagrimas por aquela paixão que mentiu pra mim, e tu só me pedia calma, tu me pós para dormir “dorme bem minha princesa”, tu que me acordou no outro dia “bom dia, minha princesa”, e me deu naqueles dias tudo o que eu mais precisava, todo carinho do mundo, atenção e força pra seguir em frente. Lembra das minhas 24 horas sem comer nada porque a única coisa que eu engolia eram lágrimas, mas tu mesmo assim de longe me dizia “come, por favor” e eu só fiz mesmo porque tu mandou, eu só sequei minhas lágrimas porque foi tu que me mandou parar de chorar, tu me dizia que estava ali, me dava aquele beijo doce na boca, corria pra me ver quando tinha um tempinho, e no decorrer das semanas eu já nem mais chorava, eu ria tanto da vida... Lembra meu querido de nós dois naquele show quando nossa banda preferida tocou? Dançávamos como se fossemos os únicos naquele lugar, sorrio só de lembrar...
Eu sei, nossa historia veio á tona, quem não deveria saber soube, foi aquele “Deus nos acuda”, olha, eu não te disse nada, mas ate hoje me machuco com as palavras mal ditas que ela me disse, e hoje te ver me abandonar porque está retomando o que foi perdido com ela é quase insuportável.
NÃO! Eu não estou triste por vocês estarem juntos, eu te quero bem meu menino, e sei que nós mais cedo ou mais tarde não seriamos mais, sei o quanto vocês se gostavam, o que ta doendo é tu ter jogado fora nosso amor que não era derivado de sentimento de homem e mulher, tudo vinha de uma fonte de amizade, tão amizade que mesmo com os beijos e declarações de amor, era pra mim que tu contava suas dores de paixão e era pra ti que eu contava/chorava/mostrava as minhas. E hoje o que existe mesmo? Tuas fotos com ela abraçado e eu ao vento, sozinha sem a tua amizade, logo nestes tempos que preciso tanto de ti.
Tudo bem, fica ai mesmo onde você está, vai me deixando assim só, me deixa mesmo só. Não, não volta, eu não quero que tu volte, agora é pra ir de verdade, de vez e para sempre! Mas se for pra voltar, te prepara para me ver embrutecida, vou ter que te ver agora me pedindo meu perdão, me pedindo para que eu fique, olha, te amo, te amo muito, e preciso de ti, do teu ombro, dos teus ouvidos e colo, mas eu to muito de mal com tu, que me abandona sem porque, pelo menos ao meu ver não tem.
Minha vontade é de te ligar, te desaforar, cuspir meu ódio de toda essa situação que tu criou, mas pra quê? Pra tu ficar calado, desligar e não mais me ligar? Pra eu acabar chorando o que eu tenho segurado há tantos dias, há estes dias do teu sumiço. Olha meu menino, eu tentei sabe, lembra que te liguei uma semana dessas? Era minha forma de dizer para tu não ir, mas se tu escolhe assim, pois va, tchau, adeus, e volta não, porque dessa coisa de entra e sai da minha vida eu to cansada. Enquanto a essa droga de amor eu me responsabilizo em apagar, em não te amar mais, em não te considerar mais meu cais de porto, em não te considerar mais nada.
Ah, hoje eu li aquele poema que tu me fez, dizendo que era o ultimo que escrevia na vida, espero que esta seja também a ultima carta que escrevo.
Mas mesmo com todas as minhas palavras duras termino a minha carta dizendo;
Com amor, da sua princesa”

Tá ai a grande explicação do porque eu não acredito em amor, ta ai o segundo texto esmiuçado das minhas angustias. Mas vou daqui tentando me resolver e encarar tudo melhor. Quem sabe neste fim de semana eu suma, fume um cigarro, ou uma carteira inteira, ou quem sabe eu pare para beber com os amigos, encha minha cara, fique de porre e até tome coragem de entregar esta carta, quem sabe... 

Um comentário:

Unknown disse...

Que historia mais linda. Voce viveu um belo romance..

;D