– Ôh morena que
encanto és tu? Que encanto és tu pequena de essência menina, mas tão voraz
mulher? Quem és tu moça meio torta, meio louca , de sorriso frouxo feliz? Ôh
morena que encanto és tu? Me diz!
– Digo-lhe meu caro
que sou deusa de encantos febris, de corpo inteiro flamejante por paixões
desvairadas, vivo por deixar-me arder em chamas de amores, eu sou a loucura, eu
sou o turbilhão e a droga mais viciante. Eu sou a menina que deixa flores nos
caminhos em que passa, eu tenho o sorriso bonito, aberto, feliz, e o olhar que
tanto diz, é só parar pra ver, minha iris não esconde o quanto tenho cores, o
quanto sou bonita dentro e fora, e a minha boca flui minha alma linda, pura e
ingênua, tão paradoxa a minha própria mente; sedenta, vadia, sacana, cheia de
fetiche, instintiva, fervente.
Entre
minhas pernas arde carência feminina, o meu peito pede um colo onde eu possa
repousar depois do dia, a minha pele anseia mãos que a aquiete, mas que também
a faça arrepiar a espinha, que me faça não só respirar ofegante, mas que por um
segundo me faça perder todo ar e me faça implorar por isso, eu gosto disso,
gosto que me acabe, me deixe louca, me faça gemer até gritar, eu gosto do
estrago!
Eu
gosto também do cuidado, do apego, do afeto, de tudo que colore aquilo que está
em cores gris, mas gosto das asas, gosto de batê-las, anseio e respiro
liberdade, mas preciso de um porto para voltar.
Mas ôh
seu moço, não vai achando que sou só isso ai não, sabe moço nem eu sei ao certo
que encanto sou viu? Sei que eu tenho uma coisa meio Afrodite em mim, outra
meio mulecão, e ainda tem a parte da mulher peito forte, é seu moço também sou
meio “mulher bamba” como diz a música da Ana, forte que só, uma muralha,
orgulho danado tenho de mim.
Ah meu
caro, eu daqui nem sei mais como me pautar, poetizar-me é complicado, sou uma
suma de mil mulheres sintetizadas em uma, e talvez essa seja toda minha graça e
encanto; essa coisa ardente e imensa que sou, né, seu moço?
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