Ontem à
tarde, meio que parada no tempo na sala do meu trabalho, dediquei-me a caneta e
papel e esbocei um texto que em seu desenvolvimento já estava tão meloso que senti
náuseas e ânsias, pra quem me conhece, odeio “mimimi” e escrever um textinho
cor de rosa não é minha cara (não critico e até admiro quem o faz, mas vindo de
mim fica uma coisa tosca), mas como a introdução estava muito bacana e vi que
dali poderia sair um dos meus melhores, poéticos e mais maduros contos pedi a
ajuda de uma grande amiga, a Naianara Lisandra do "O tal do poder da mente" que também vive no universo da escrita, e estou
maravilhada com o resultado de fundir a minha escrita livre com a dela mais
elaborada, acho que o excentrismo cabido a nós duas é que fez o texto ficar tão
uniforme e bom, se eu não contasse ninguém perceberia que duas pessoas de jeitos
muito diferentes o escreveram. Agradeço a por ter me ajudado nessa, como em
tantas coisas, não é mesmo? ;)
Obs: as partes em preto foram escritas por mim,
as em cinza... Ah vocês não são bocós né? --‘

Uma, duas, três, quase
quatro da tarde e eu me impregnava em pensamentos que (no fundo) eu sabia que
não me levariam para lugar nenhum e eu continuaria com esse turbilhão de
pensamentos soltos e vagos dentro de mim. Pois então, esses pensamentos puseram
em duvida o que pra mim era inquestionável, mexeu com meus princípios básicos e
fez ora do pouco que cultivei em mim. Não gritei, nem esperneei, esperei apenas
para ver onde tais pensamentos me levariam e eles fizeram o que bem entenderam
a bel prazer. Não que eu houvesse concordado, mas me calei para assistir
sentada a recaída de todo o meu primado tão racional. Estou
contradizendo-me, dando as costas a meus “princípios fatais” (nome estranho e
idiota que dei a toda minha escrotidão barata), e me ponho avessa, tornei-me
uma piada maldita de mim, mas não há riso para essa chacota, pelo menos não
achei graça dessa minha reversão. Causa-me estranheza violar minha pose salto
15 pra no fim sentir-me essa bonequinha de sapatinho de cristal, vestidinho de
filó e maquiagem leve, minha promiscuidade haverá sumido? Chegar a essa
conclusão nessa tarde estranha me dá vontade de um cigarro, aquele mesmo que
traguei um dia desses ao por do sol como se tragasse a minha alma na procura de
porquês. Desalinhando-me
desse jeito, que mais posso fazer além de roçar uma mão na outra a fim de que
pelo menos a agonia de tal sensação se dispersasse aos poucos? Pensando bem,
acho que foi nesse dia que tais pensamentos tomaram o leme da minha vida e
criaram um novo curso. – Para onde irei com tal fragilidade à mostra? – pensei
em meio a baixa temperatura que a esta altura já invadia célula por célula do
meu corpo. Se tivesse me deixado no comando, o rumo seria outro e talvez eu
teria dado a força que impulsiona minha vida para tal. Daria muito mais, se
possível, além do que eu possa crer e jurar de dedos cruzados. Se eu estivesse
no comando em nada me afetaria tais vertiginosos pensamentos. Mas não, veio cá
no meu canto intimo, desordenou o que eu já tinha estabelecido, juntou uma a
uma de minhas poucas expectativas e jogou-as no mar. Fiquei muda, sem cânticos,
eis que me tornei a garota da razão furtada.
Engraçado
que eu há muito pouco tempo estava adorando o gélido fato de toda vagabundagem
em que me meti, agora ponho-me rangendo os dentes de inquietação pelo vazio
impetuoso que invade esta sala – neste momento não direciono minhas palavras a
uma sala física, estou me referindo ao tal órgão que bate nesse corpo – , corroí
meu peito e sangra o que nestes tempos venho chamado de coração, eu nem mais
lembrava que tinha um, era uma caixa gelada, e nesse instante pulsa depressa, e
olha só mais uma piada vadia; ele está quente! Quanto paradoxo... Estou tonta,
inquieta e sem um prumo, ora essa, me perdi em mim?! Eu daria a alma para por
fim nessa dor do frio que está a estilhaçar-me aos poucos como se quisesse me
sucumbir ou simplesmente me por um nariz de palhaça e me mostrar que na verdade
sou tão calor que qualquer vento frio que me bate a porta me faz perder as
estribeiras, desesperar o ser e questionar a vida, pra no fim me mostrar de
fato que o salto 15 sim é uma piada e que a saia de filó me cabe muito bem.
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